Durante décadas, a questão sobre a classificação de 'Duro de Matar', dirigido por John McTiernan, como um filme de Natal tem dividido fãs e críticos de cinema. Estreado em 1988, o filme se tornou um ícone do gênero de ação, estrelado por Bruce Willis no papel do destemido policial John McClane. Embora sua trama eletrizante e cheias de cenas de ação não remetam imediatamente ao espírito natalino, a ambientação do filme em uma festa de Natal no Nakatomi Plaza e suas nuances oferecem um terreno fértil para essa discussão.
A controvérsia ganhou novo fôlego quando, em uma celebração do 30º aniversário do filme em 2018, Bruce Willis fez uma declaração que muitos consideram definitiva. Com seu característico humor, Willis afirmou em alto e bom som: "Duro de Matar não é um filme de Natal. É porra de um filme do Bruce Willis." Suas palavras ressoaram em debates entre cinéfilos e geraram reações diversas. Para alguns, as palavras de Willis selaram a questão, mas para muitos outros, a declaração não foi suficiente para encerrar o assunto.
Se considerarmos apenas o enredo cheio de ação, 'Duro de Matar' realmente não se assemelha aos tradicionais filmes natalinos que estamos acostumados a ver. No entanto, a ambientação e algumas das temáticas presentes no longa remetem facilmente ao espírito natalino. A história se desenrola inteiramente na véspera de Natal, durante uma festa na sede da empresa Nakatomi. A música natalina está presente na trilha sonora, e o tema da reunião de família está no centro do conflito de McClane, que tenta se reconciliar com sua esposa.
Tematicamente, o filme explora questões universais que podem ser ligadas ao espírito do Natal, como o amor familiar e o heroísmo. A luta de John McClane para salvar sua esposa e outras pessoas das garras dos terroristas liderados por Hans Gruber (interpretado magistralmente por Alan Rickman) exemplifica a batalha do bem contra o mal, muito comum nas produções natalinas. Esses dois elementos tornam a discussão ainda mais rica e têm alimentado o debate durante anos.
Independentemente do que Bruce Willis declarou, a questão permanece: por que tantos fãs insistem em assistir 'Duro de Matar' como parte de sua programação de filmes de Natal? A resposta pode estar na força da tradição e na maneira como a cultura pop moldou nossas percepções do que constitui um filme de Natal. Para muitos, especialmente nos Estados Unidos, assistir a 'Duro de Matar' durante as festas de fim de ano se tornou uma tradição familiar, uma espécie de ritual que desafia as convenções e acrescenta um toque de aventura ao classicismo da época.
Além disso, em uma era onde novos clássicos de Natal são constantemente buscados, 'Duro de Matar' oferece uma alternativa para quem busca uma pausa das comédias românticas açucaradas e histórias edificantes que costumam dominar a programação. A mistura de ação e humor, junto com a mensagem subjacente de união familiar, ressoam com o público de um jeito único.
A verdade é que a interpretação sobre o que configura um filme de Natal é altamente subjetiva. Assim como a música ou a literatura, os filmes também são arte, e a arte é aberta a interpretações individuais. Enquanto alguns afirmam firmemente que um verdadeiro filme de Natal deve girar em torno de temas diretamente relacionados à festividade, outros acreditam que o pano de fundo natalino, combinado com certas temáticas, é mais do que suficiente para categorizar um filme como tal.
'Duro de Matar', com sua mistura única de ação, humor e drama familiar, oferece uma experiência cinematográfica que muitos sentem encapsular perfeitamente o que eles julgam ser o espírito do Natal. Se ele deve ou não ser inserido na lista de clássicos natalinos é uma decisão que cabe a cada espectador. E talvez esse debate nunca tenha uma conclusão definitiva, mas enquanto isso, famílias e amigos continuarão a se reunir para assistir Bruce Willis descer pelas escadarias de incêndio naquele icônico regata branca, eternizando a pergunta: é ou não é um filme de Natal?
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