Cerro Porteño sofre punição histórica da CONMEBOL por racismo contra jogadores do Palmeiras
O futebol sul-americano ficou em alerta depois de mais um caso grave de racismo. Durante a Libertadores Sub-20, em 6 de março de 2025, torcedores do Cerro Porteño dirigiram ofensas e gestos racistas aos jogadores do Palmeiras, especialmente Luighi e Figueiredo, durante a vitória dos brasileiros por 3 a 0 em Assunção. Insultos como sons de macaco e xingamentos raciais vieram da arquibancada, principalmente depois que Luighi, autor de um dos gols, foi substituído. Apesar dos protestos dos atletas e da comissão, o árbitro Augusto Menendez simplesmente ignorou e manteve o jogo, aumentando o sentimento de impunidade.
Não demorou para as punições chegarem. A primeira resposta da CONMEBOL saiu três dias depois dos episódios: multa de US$ 50 mil, estádios vazios para o Cerro Porteño até o fim da Libertadores Sub-20, suspensão de dois jogos para o treinador Daniel Achucarro e obrigação de uma campanha oficial nas redes sociais contra preconceito. Mas para quem estava nas arquibancadas ou acompanhou de perto, essas medidas pareceram insuficientes.

Pressão, protestos e endurecimento das punições
Palmeiras e CBF levantaram a voz logo após o anúncio inicial das penalidades. O clube paulista foi direto ao ponto: chamou as sanções de "inadequadas" e declarou que lutaria por punição mais dura, inclusive levando o caso à FIFA. Do lado da CBF, a crítica também pegou pesado, alertando que a resposta leve poderia incentivar episódios parecidos no futuro em torneios continentais.
Sentindo o peso das críticas, a comissão disciplinar da CONMEBOL reassumiu o caso. No dia 5 de junho, veio o recado firme: o valor da multa saltou para US$ 100 mil (cerca de R$ 545 mil), que será retido automaticamente dos direitos de TV ou dos contratos de patrocínio pagos pela entidade ao clube. Além disso, foi determinado o fechamento total do setor "Gradería Novena Baja" do estádio General Pablo Rojas no próximo jogo do Cerro pela CONMEBOL, e o clube terá que exibir uma faixa com a frase “Basta de Racismo” durante a partida, seguindo o padrão visual exigido.
Para dificultar a vida do clube paraguaio em eventuais dribles nas punições, ficou obrigatório o envio de um plano operacional detalhado pelo menos sete dias antes da partida, garantindo que o setor sancionado realmente fique fechado e as exigências sejam cumpridas.
Os novos termos citam os artigos 15.2 e 27 do Código Disciplinar da CONMEBOL, reforçando que racismo e discriminação serão tratados como ofensas gravíssimas. O Cerro Porteño ainda pode recorrer da decisão, mas a mensagem é clara: a entidade quer mostrar que não vai mais passar pano para atitudes racistas nos gramados e arquibancadas da América do Sul.
O episódio reacendeu debates sobre a eficácia real dessas punições. Grupos ligados à luta antirracista e à defesa dos direitos dos atletas cobram há tempos medidas mais pesadas: desde dedução de pontos na tabela até a exclusão de competições, passando por partidas perdidas automaticamente para clubes cujas torcidas praticarem atos discriminatórios. Embora o aumento da multa e o fechamento de setores sejam uma resposta mais forte, muitos cobram que esse seja só o início de uma mudança muito maior no futebol do continente.