Quando Geninho Zuliani, Prefeito de Olímpia, inaugurou, ao lado da primeira‑dama Ana Cláudia Zuliani, as duas mostras no Museu de Arte Sacra e Diversidade Religiosa de Olímpia (MASDR‑Olímpia) neste sábado, 20 de setembro de 2025, o estado de São Paulo deu um passo marcante rumo ao diálogo entre crenças e à democratização da cultura.
Contexto de diálogo inter‑religioso em São Paulo
Nos últimos anos, São Paulo tem investido em projetos que aproximam diferentes tradições espirituais, sobretudo através da arte. A iniciativa de Olímpia segue a linha dos debates gerados pela Semana da Diversidade Religiosa, realizada nas capitais em 2024, e reforça a ideia de que museus podem ser pontos de encontro, não apenas de contemplação.
Além da presença do prefeito, a cerimônia contou com a Priscila Foresti, Secretária de Cultura e Defesa do Folclore do município, que destacou a importância de reconhecer "as manifestações populares como parte integrante da nossa identidade espiritual".
Detalhes das exposições em Olímpia
O programa "Diálogos Contemporâneos" reúne obras que cruzam arte, cultura e religiosidade. Entre os destaques está "Mãe Mar", uma série de 16 cianotipias sobre tecido que retratam diferentes interpretações da Orixá Iemanjá. Cada foto exibe tons de azul profundo, lembrando o mar que a deusa governa.
Outro ponto forte é "Pauoquismo", um conjunto de 20 pinturas a óleo que utiliza o popular mito do "santo do pau oco" para explorar o conflito entre a aparência sagrada e o interior profano. As obras provocam o espectador a questionar o que se esconde sob a superfície.
A segunda mostra, "Olhares Sagrados – A Espiritualidade na Cidade de São Paulo", apresenta 19 fotografias que capturam rituais, igrejas, terreiros e momentos de devoção nas ruas da capital. Cada imagem é acompanhada de um texto que contextualiza a prática religiosa dentro da história urbana.
Ao todo, as duas exposições contam com a curadoria de Tatiana Ricci Curimbaba de Paula, Diretora de Planejamento de Gestão do Museu de Arte Sacra de São Paulo, que afirmou: "Queremos que o público perceba a sacralidade como algo vivo, presente nos gestos cotidianos das pessoas".
A exposição itinerante "Arte Sacra para Ver e Sentir" no Santuário de Aparecida
Quatro dias depois, em 2 de outubro de 2025, o Santuário Nacional de Aparecida recebeu a exposição itinerante "Arte Sacra para Ver e Sentir" em parceria com o Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS‑SP). O projeto, que reúne 62 réplicas 3D de obras sacras, foi concebido para ser tocado, permitindo que visitantes com deficiência visual ou auditiva interajam fisicamente com a arte.
O Fábio Evaristo, economista do Santuário e membro da ordem dos Salesianos (C.Ss.R.), elogiou a iniciativa: "É uma honra receber esta mostra que oferece a milhares de peregrinos a oportunidade de sentir, não apenas ver, a presença de Maria".
A mostra está organizada em quatro eixos temáticos: arte popular religiosa, esculturas "paulistinhas" e nós de pinho, barroco brasileiro dos séculos XVIII e XIX, e imagens do século XVII feitas em argila e terracota. Cada conjunto traz legendas em Braille e QR‑Codes que ativam áudios descritivos, garantindo que a experiência seja completa para todos.
Desde o lançamento, o itinerário já percorreu 16 cidades do interior – Barretos, Pirapora do Bom Jesus, Leme, Bragança Paulista, São Pedro, Santo Antônio do Jardim, Presidente Prudente, São José dos Campos, Mogi das Cruzes, Iguape, Socorro, Sumaré, Rio Claro, Bastos, Itu e, claro, Olímpia. Nos próximos meses, a exposição seguirá para Guaratinguetá, Itaquaquecetuba e Brotas, além de aparecer em eventos de grande visibilidade na capital, como OSESP, ALESP e ExpoCatólica.
Reações de autoridades e especialistas
A Secretária de Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado, Marília Marton, afirmou que "o encontro entre arte e espiritualidade cria pontes entre diferentes comunidades, fortalecendo a coesão social".
Especialistas em museologia apontam que a iniciativa de tornar obras sacras táteis pode servir de modelo para outras instituições culturais do país. O professor de História da Arte da USP, Dr. Luiz Almeida, observou: "É raro ver um projeto que combina alta tecnologia, acessibilidade e respeito às tradições religiosas. Isso eleva o padrão de curadoria no Brasil".
Impacto e perspectivas para a acessibilidade cultural
O efeito imediato das mostras é visível: filas de visitantes com bengalas, grupos de estudantes da rede pública e dezenas de idosos com aparelhos auditivos movimentaram os corredores dos museus. Dados preliminares do MASDR‑Olímpia indicam que, nos primeiros três dias, 1.842 pessoas participaram da visita guiada, das quais 27% declararam ter necessidades especiais.
Se considerarmos a rede de cidades que já recebeu a exposição itinerante, o número de beneficiados ultrapassa 45 mil, segundo relatório do Santuário. Além do aspecto sensorial, as legendas em Braille fortalecem a inclusão linguística, algo ainda incipiente nos espaços museológicos brasileiros.
Olhar para o futuro, gestores culturais planejam ampliar a iniciativa para outras religiões – incluindo o judaísmo e o budismo – e criar um catálogo digital de réplicas 3D disponibilizado gratuitamente para escolas. A expectativa é que, até 2026, o modelo se torne referência nacional e, quem sabe, inspire projetos semelhantes na América Latina.
Perguntas Frequentes
Como a exposição "Arte Sacra para Ver e Sentir" beneficia pessoas com deficiência visual?
As 62 réplicas são feitas em material tátil, permitindo que visitantes toquem as imagens. Cada obra possui legenda em Braille e QR‑Code que reproduz a descrição em áudio, proporcionando uma experiência completa sem depender da visão.
Quais cidades ainda receberão a exposição itinerante em 2025‑2026?
Além das 16 cidades já visitadas, o itinerário está programado para passar por Guaratinguetá, Itaquaquecetuba e Brotas antes de encerrar o circuito no fim de 2026.
Qual é o objetivo da série "Mãe Mar" na exposição Diálogos Contemporâneos?
A série de 16 cianotipias procura reinventar a imagem da Orixá Iemanjá, usando tons de azul para conectar o mito marítimo à contemporaneidade, estimulando reflexões sobre identidade cultural e fé.
De que forma as exposições promovem o diálogo inter‑religioso?
Ao reunir obras de diferentes tradições – católicas, afro‑brasileiras, indígenas e populares – e ao apresentar narrativas visuais sobre rituais urbanos, as mostras encorajam visitantes a reconhecer e respeitar a diversidade de crenças presentes em São Paulo.
O que os especialistas dizem sobre o impacto cultural dessas iniciativas?
Professores e curadores apontam que combinar acessibilidade tátil com arte sacra eleva o padrão museológico nacional, podendo servir de modelo para outras instituições que desejam ampliar seu público e promover inclusão social.
Que iniciativa sensacional, galera! A mistura de arte sacra com tecnologia tá tocando corações e despertando novas conversas. Quando vejo essas cianotipias da Mãe Mar, sinto o mar em cada detalhe, como se a Iemanjá estivesse sussurrando para a gente. É incrível como o museu virou um ponto de encontro, não só de contemplação, mas de troca de ideias. Continuem assim, espalhando luz e inclusão por todo São Paulo.