Fluminense x Bahia: vitória por 2 a 0 no Maracanã garante vaga na semifinal da Copa do Brasil
11
set
Israel Moura Esportes 0 Comentários

Virada no agregado e Maracanã em modo Copa: Fluminense dá resposta e vai à semi

Jogo grande pede decisão grande. E ela veio com a assinatura de um veterano: aos 38 do segundo tempo, Thiago Silva subiu no tempo certo e testou firme para selar o 2 a 0 do Fluminense sobre o Bahia no Maracanã, na noite de 10 de setembro de 2025, e carimbar a vaga tricolor na semifinal da Copa do Brasil. O resultado reverteu a desvantagem mínima do confronto de ida e fez do duelo Fluminense x Bahia um capítulo de controle e maturidade do time carioca.

O roteiro teve tensão de mata-mata. O placar ficou zerado no primeiro tempo, mas o Flu já dava sinais de que não sairia do seu plano: pressão alta, volume de jogo e circulação rápida de bola para abrir brechas no bloco baiano. O Bahia, confortável com a vantagem no agregado, tentou segurar os espaços e cadenciar com Jean Lucas e Everton Ribeiro, buscando acelerar nas transições com Kayky e Willian José. Fábio, quase um espectador, só trabalhou em bolas espaçadas.

O jogo virou no detalhe que costuma pesar nesse tipo de confronto: o pênalti. Na segunda etapa, Canobbio finalizou e a bola desviou no braço de Michel Araújo dentro da área. O árbitro Matheus Delgado Candançan foi chamado ao vídeo e, após a checagem do VAR comandado por Caio Max Augusto Vieira, marcou a penalidade. Cobrança firme de Canobbio, 1 a 0, e a série ficou nivelada no agregado.

Com a igualdade restabelecida, o Bahia teve de sair da casca. Rogério Ceni mexeu para ganhar mobilidade e última bola: colocou Rezende, Juninho, Sanabria, Iago e Cauly, tentando aumentar presença entrelinhas e empurrar o Flu para trás. Não funcionou. O time tricolor do Rio manteve a posse com segurança, diminuiu o ritmo quando precisou e acelerou nas laterais quando viu espaço, especialmente com Guga e Renê abrindo o campo.

O gol que matou o confronto nasceu da bola parada, território onde a experiência pesa. Falta levantada na área, Thiago Silva atacou o primeiro pau com o corpo alinhado e cabeceou sem defesa. Além do simbolismo, foi a síntese de uma atuação segura: o capitão se impôs no alto, organizou a linha e deu o norte emocional em um jogo pesado.

No todo, a atuação do Fluminense foi de time que sabe jogar o torneio. Renato Gaúcho montou um 4-3-3 flexível, com Martinelli dando saída limpa, Nonato e Hércules alternando infiltração e cobertura, e o trio Serna, Canobbio e Everaldo se movimentando para tirar referências da marcação. Quando precisou de gás, o banco respondeu: Bernal e Acosta para manter intensidade, Keno para esticar o campo, Ignacio para guardar a área defensiva, e Germán Cano para prender zagueiros no fim.

Do outro lado, o Bahia sentiu a falta de profundidade e de definição no terço final. A equipe se defendeu bem por 45 minutos, mas produziu pouco quando teve que propor. Michel Araújo, envolvido no lance capital do pênalti, teve noite difícil; Cauly, que entrou para dar inventividade, não conseguiu mudar o ritmo, e Willian José ficou isolado em boa parte do jogo. A crítica recaiu sobre o plano de jogo e a execução das peças-chave, especialmente na leitura das entrelinhas.

A arbitragem segurou a pressão. O pênalti foi o lance central do apito, decidido após revisão em vídeo — procedimento padrão quando há possível toque de mão dentro da área. Candançan conduziu a checagem com calma, interpretou braço em posição ampliada e assinalou. Em mata-mata, esse tipo de decisão muda o humor e obriga o time em vantagem no agregado a sair do script.

Os cartões refletiram a intensidade. Foram advertidos pelo Bahia: Acevedo, Kayky, Ronaldo, Iago e Cauly. Pelo Fluminense: Canobbio e Freytes. Sem expulsões, o jogo não descarrilou, mas ficou temperado nas divididas.

Escalações iniciais respeitaram as propostas. Pelo Fluminense: Fábio; Guga, Freytes, Thiago Silva e Renê; Martinelli, Nonato e Hércules; Serna, Canobbio e Everaldo. Entraram: Bernal, Acosta, Keno, Ignacio e Cano. Pelo Bahia: Ronaldo; Gilberto, David Duarte, Ramos Mingo e Luciano Juba; Acevedo, Jean Lucas e Everton Ribeiro; Kayky, Michel Araújo e Willian José. Entraram: Rezende, Juninho, Sanabria, Iago e Cauly.

O contexto do confronto ajuda a entender o peso da noite. O Fluminense precisava vencer por dois gols para seguir sem pênaltis e não só conseguiu como controlou o ambiente do Maracanã. Em jogos de Copa, a sensação de segurança raramente aparece tão nítida quanto apareceu nos minutos finais, quando o Bahia já não encontrava a bola e o relógio virou aliado tricolor.

O que muda para cada lado: calendário, ajustes e próximos passos

Para o Fluminense, a vaga na semifinal vale mais do que uma classificação: é combustível esportivo e moral. Em reta de temporada, avançar em Copa do Brasil dá status e respiro financeiro, além de manter o elenco ligado em partidas de alta voltagem. Renato Gaúcho ganha argumentos para seguir com a base que funcionou e tempo para trabalhar variações a partir de um esqueleto que se mostrou sólido.

Há, também, a leitura do momento individual. Canobbio entrega competitividade e chegada à área, Everaldo participa bem da pressão e Thiago Silva dita o tom da linha defensiva. Martinelli, Nonato e Hércules formaram um meio-campo equilibrado, com boa ocupação de espaços. Se o Flu mantiver esse nível de concentração, entra forte em qualquer chave de semifinal, independentemente do adversário.

O Bahia sai com lições duras. As quartas de final voltam a ser barreira incômoda, e a equipe precisará mexer em mecanismos de criação e ocupação da área. Rogério Ceni testou alternativas no banco, mas a mecânica para ligar meio e ataque não fluiu. O ajuste passa por encurtar as distâncias entre os setores e garantir que o centroavante não fique desabastecido quando o time precisa propor.

O foco agora vira o Campeonato Brasileiro. Na segunda-feira, às 20h (de Brasília), o Bahia recebe o Cruzeiro na Casa de Apostas Arena Fonte Nova, pela 23ª rodada, mirando o G-4 para assegurar presença em competição internacional. É jogo chave para estancar a frustração da Copa e sustentar a campanha.

O Fluminense, por sua vez, aguarda a definição completa da semifinal na Copa do Brasil enquanto retoma o ritmo do Brasileirão. A gestão física vira tema central depois de um jogo de alta exigência: controlar carga, recuperar titulares e manter o padrão de intensidade mostrado no Maracanã serão tarefas do departamento técnico nos próximos dias.

Se a bola parada decidiu, não foi por acaso. Em mata-mata, ela é o atalho mais previsível para furar bloqueios. Com a defesa ajustada, meio-campo compacto e atacantes cumprindo funções sem bola, o Flu empurrou o Bahia para a própria área e amadureceu o resultado. Do outro lado, faltou ter a mesma nitidez no último passe e nas disputas pelo alto, especialmente quando o relógio virou inimigo.

Em síntese do desempenho, o placar explicou o jogo. A superioridade territorial do Flu apareceu desde o primeiro minuto; a maturidade para administrar a vantagem, depois dos 2 a 0, confirmou um time confortável no cenário de Copa. O Bahia competiu, mas produziu pouco nas zonas que definem mata-mata. E, nesse nível, quem não castiga quando pode acaba punido no detalhe.