CPI das Bets: Rico Melquiades nega irregularidades ao admitir acordo de não persecução penal

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Influenciador na mira da CPI das Bets: depoimento, acordos e desconfianças

O ambiente estava tenso quando Rico Melquiades, conhecido pelo humor e presença nas redes sociais, sentou-se diante dos senadores no Senado Federal em 14 de maio de 2025 para falar sobre sua ligação com as casas de apostas online investigadas pela CPI das Bets. Ele negou qualquer envolvimento em crimes, apesar de estar sob os holofotes desde as investigações da Operação Game Over 2, que revelou supostas irregularidades envolvendo influenciadores digitais e plataformas de apostas.

Durante o depoimento, Rico admitiu abertamente que firmou um acordo de não persecução penal com o Ministério Público de Alagoas. Com isso, reconheceu que havia acertado o pagamento de uma multa pesada — R$1 milhão, sendo R$600 mil à vista e o restante parcelado — para não responder criminalmente pelo suposto favorecimento de sites de apostas. Mesmo assim, garantiu que sua atuação seguia uma linha única de publicidade e negou ter ciência de qualquer esquema de lavagem de dinheiro ou vínculos com organizações criminosas.

A maior parte da pressão dos senadores veio justamente sobre a forma como Rico promovia as marcas. Ele divulgava nomes e logos, mas frequentemente em publicações sem rótulos claros de publicidade. O detalhe é que, na época dos posts, as regras específicas para publicidade em apostas ainda estavam em discussão — a regulação só seria formalizada em 2025. Mesmo assim, foi cobrado sobre falhas em transparência e ausência de alertas de risco nos conteúdos.

Essas dúvidas ganharam força não só pelo caso de Rico, mas por um fenômeno muito maior: a explosão do marketing de influência em apostas, que em poucos anos virou febre nas redes sociais. Influenciadores passaram a receber pagamentos vultosos das plataformas para divulgação, sem que muitos seguidores tivessem clareza dos riscos envolvidos. No caso de Rico, seus contratos serão entregues à comissão como parte do compromisso assumido no depoimento.

Operação Game Over 2, contratos publicitários e outros desdobramentos

Operação Game Over 2, contratos publicitários e outros desdobramentos

O cenário de desconfiança sobre Rico não começou agora. A Operação Game Over 2, que bloqueou seus bens e investigou dezenas de pessoas ligadas a apostas, girou em torno de suspeitas de publicidade enganosa e lavagem de dinheiro. Quando admitiu o acordo judicial homologado em abril pelo Tribunal de Justiça de Alagoas, também ficou claro que parte de seu patrimônio esteve sob restrição, mostrando que as investigações tinham elementos consideráveis.

A discussão não parou nas questões contratuais. Senadores foram atrás de provas sobre a eventual participação de influenciadores em fraudes ou simulação de apostas, práticas que geram desconfiança sobre a honestidade das promoções. Rico, por sua vez, reafirmou que só executava as campanhas conforme solicitado pelas marcas — empresas como Blaze, núcleo de várias denúncias de irregularidades no setor de apostas online.

No meio do debate, outro assunto esquentou: a condução coercitiva que havia sido decretada contra Adélia Soares, personagem não detalhada nos autos disponíveis ao público. O mandado foi anulado após discussões no plenário da comissão, mostrando a sensibilidade de medidas desse tipo no contexto das CPIs e em meio à tensão causada por figuras midiáticas convocadas para depor.

O caso de Rico Melquiades sintetiza o atrito entre a publicidade digital e a legislação em rápida transformação. Agora, com o compromisso de apresentar contratos e detalhar sua relação com as empresas, os parlamentares esperam lançar luz sobre o funcionamento das campanhas de apostas, cujas implicações vão além da remuneração dos influenciadores, afetando consumidores, empresas e a própria regulação do setor no Brasil.

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